quarta-feira, 23 de abril de 2008

Textos Narrativos

UNIVERSIDADE TIRADENTES
DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA I
PROFESSORA MSc. ESTER MAMBRINI
PERÍODO: 1º

I Unidade

Texto narrativo de Apresentação Pessoal

Por Danilo Mecenas

Era quase seis horas da manhã e eu estava dormindo no quarto de meu irmão Rodrigo, pois o meu havia sido invadido por muriçocas, não muriçocas comuns, essas mais pareciam mutantes. Eu dormia um sono profundo que chegava a babar no travesseiro, quando infelizmente escuto uma voz gritando meu nome... Era a voz de minha mãe! Acordo assustado, não enxergava nada ao meu redor, o fato de ter acabado de acordar poderia ser uma desculpa para a visão turva, mas não, eu estava sem meus óculos. Saí tateando a cômoda ao lado da cama, ainda meio atordoado, acho meus óculos em cima da cômoda baixa ao lado da cama. Após colocá-los no rosto, percebi como tudo agora parecia mais nítido, o guarda-roupa, a cômoda, a cama, assim como os outros poucos objetos no quarto não eram mais turvos e sem contornos.

Era o primeiro dia de aula, uma segunda-feira, o mais quente do ano. Nesse dia tive que ir à escola andando, pois o carro de minha mãe havia quebrado na noite anterior. Saí meio às pressas para a escola, o tênis apertado, era do ano passado, as vestimentas meio amassadas e, no meio do meu rosto, os óculos que mais pareciam um binóculo. Cheguei à escola molhado de suor, fedendo e com os óculos embaçados pelo calor. Assim que adentrei no estabelecimento de ensino, recebi uma recepção de boas vindas, muitos que estavam ao meu redor sorriram, acharam engraçada a situação, eu odiei. Eu não era novato, muito menos popular, mas era o Felipe garrafinha.

Dentro da sala não fazia calor, tinha um condicionador de ar enorme ao centro da sala, na parede do fundo. Eu prestava atenção em tudo que o professor falava, era um aluno dedicado. Ao meu lado direito sentava uma garota a qual eu morria de vontade de namorar, não tanto pela beleza dela, mas sim pelo jeito que ela me olhava ou sorria, por sinal o sorriso mais belo que cheguei a ver. O nome dela era Sophia. Eu jogava os meus óculos no chão para ela poder olhar para mim, e falar comigo, um simples: “Felipe, você deixou seus óculos caírem...”.

Até que por um lado era bom ter um problema de visão, pois meu lugar sempre era guardado na frente da sala, e o melhor de tudo, ao lado de Sophia. Talvez por isso eu suportasse todas as bolinhas de papel jogadas em minha cabeça como se fosse uma cesta de basquete, os apelidos e as dificuldades que um míope, com astigmatismo e hipermetropia sofre. E assim os dias foram passando, acabei ganhando a confiança de Sophia, nos conversávamos e brincávamos muito. Passei a freqüentar a casa dela também. Eu não agüentava mais a situação em que eu estava, os hormônios a flor da pele, a tentação de ter essa garota ao meu lado, então, comecei a praticar no espelho do meu quarto formas de como se conquistar uma garota, passei a usar menos os óculos, era terrível, pois agora me batia nos móveis com mais freqüência. Passei dois meses praticando os depoimentos. Uma dúvida pairava sobre todos os meus pensamentos, não sabia se Sophia gostava de meninos que usavam óculos e, nunca cheguei a perguntá-la. Em uma sexta-feira, depois do horário de saída do colégio, chamei Sophia para ir a um lugar que gostávamos muito, um esconderijo descoberto por nos dois em um dia de chuva. O lugar era apertado, mas bonito, ficava próximo a escola, na rua de trás, entre dois muros, tinha um sofá vermelho, abandonado, bastante velho e uma mesinha de canto. Estávamos a sós, com um ato de coragem ou burrice, eu a pedi em namoro, sem ao menos já a ter beijado. Com muito medo e o coração batendo forte, ela retirou os meus óculos e com uma das mãos segurou meu rosto e encostou seus lábios aos meus. Confesso que foi o melhor dia de minha vida...

Depois do acontecido, em casa, olhei no espelho do meu quarto meus olhos com óculos grandes e fundo de garrafa, falei a mim mesmo que não era tão ruim enxergar pouco, muito menos ser Felipe-garrafinha, já que minha namorada adorava me ver usando os óculos que um dia cheguei a odiar.




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